Os céticos afirmam ser uma utopia. Porém, são cada vez mais as vozes que defendem a ideia de que o bem-estar é uma força motriz da produtividade. Será?
O mundo do trabalho está a revolucionar os modelos de trabalho habituais e, com eles, chegam os novos desafios para líderes e empresas, de forma a poderem dar as melhores respostas.A pergunta que se impõe é: se o mundo do trabalho – e não só – tem sofrido tantas alterações, faz sentido manter inalterada a gestão de pessoas em pleno século XXI?
E a tecnologia?
Automatização, métricas, dados, algoritmos, uma inteligência cada vez mais apurada que cumpre na perfeição – muitas vezes, ainda melhor – as tarefas que sempre ocuparam o dia a dia dos líderes e dos departamentos de recursos humanos, caracterizados por terem poucos elementos.
A gestão é cada vez mais exigente: o controlo total, as fórmulas obsoletas de Excel, o erro que não se consegue evitar, o cumprimento legal e administrativo, o cliente como ponto de partida e de chegada, acautelando todos os seus passos, erros ou inquietações.
Numa altura em que as taxas de retenção das empresas são cada vez mais baixas, as prioridades dos profissionais mudaram e os colaboradores estão dispostos a ir mais além quando têm uma escolha sobre onde, quando e por quanto trabalham.
Mais do que a questão filosófica sobre aquilo que a felicidade é para cada um, seja na vida ou na empresa, é certo que há fatores que são transversais.
Uma estratégia chamada “employee journey”
No artigo “Humanizar o Futuro do Trabalho”, a Deloitte afirma que cerca de 48% dos trabalhadores a nível mundial irão passar a trabalhar remotamente, total ou parcialmente, depois da pandemia, em comparação com os cerca de 30% anteriores a esta.
Por outro lado, o World Economic Forum confirma que em 2021, 68% dos líderes de RH atuais não têm uma estratégia para o futuro do trabalho, o que representa um risco para a taxa de sucesso de retenção das melhores pessoas.
Razões de peso que levam a acreditar que “ter o employee experience como estratégia de gestão é um diferencial competitivo”. Esta é a conclusão do “Barómetro RH 2021/22”, realizado pelo Kaizen Institute em parceria com a Hays Portugal.
Se os colaboradores forem centrais no negócio, estamos não só a contribuir para o “aumento das taxas de retenção, como para o fortalecimento da cultura, de um maior envolvimento das equipas, sem esquecer a satisfação do cliente”, esta é a opinião de Filipe Fontes, diretor do Kaizen Institute Western Europe.
Apesar de todos estes indicadores, a realidade no terreno é outra: o estudo do Kaizen Institute realizado em parceria com a Hays Portugal confirma que 54% dos líderes de pessoas inquiridos optaram por um modelo de trabalho presencial. Dentro dos maiores entraves para a implementação do trabalho híbrido, 46% menciona a dificuldade de manter o espírito de equipa, motivação e sentimento de pertença à distância. Já 43% aponta a falta de garantia de comunicação eficiente e clara.
Mas afinal, como liderar no atual paradigma?
“Shiny happy people”: liderar para avançar
Se os modelos de trabalho mudaram e as necessidades das empresas também, é necessário que a liderança consiga acompanhar essas mesmas mudanças de forma proativa.
A organização precisa criar espaço para que a employee journey possa existir e siga modelos de liderança que sejam compatíveis com o novo paradigma. Este é, aliás, o mote do Human Capital Management, um modelo de gestão de pessoas que ganha cada vez mais terreno na gestão de pessoas em todo o mundo.
É necessário criar soluções para que seja possível acompanhar as pessoas desde o primeiro instante, ainda na captação e recrutamento.
Mas este é só um momento do HCM.
É necessário conseguir reter o talento na organização, dar espaço e tempo para para se envolva com a estratégia, desenvolva as suas aptidões, descubra onde e como melhorar de forma a motivar equipas duradouras e mantê-las unidas, superando os objetivos mais ambiciosos.
Prémios, formação, wellbeing… apesar de não serem práticas novas, voltam agora a ganhar destaque nas estratégias da gestão de pessoas, para além de muitas outras estratégias que o Human Capital Management contempla.
Redução da carga administrativa com óbvios ganhos de tempo, um sistema de avaliação de 360 graus, as melhores análises que lhe permitem saber o que fazer, na hora certa.
Num momento em que não restam dúvidas de que o talento é o recurso mais valioso de uma empresa, é imperativo que o negócio não fique esquecido.
Os colaboradores e os líderes merecem mais, as empresas merecem melhor.